Algo que é muito comum no poker,
principalmente quando estamos nos níveis 1 e 2 é a dificuldade em pensar no que
nosso oponente está pensando. No nível 1 olhamos nossas cartas e jogamos
através delas. No nível 2 analisamos um range óbvio de nosso adversário e
jogamos em relação a isso, porém em nenhum desses níveis é pensando de forma
adequada pela perspectiva de seu adversário.
Eis um exemplo, de uma mão que
aconteceu no WSOP main event de 2014 entre Phill Ivey contra um amador.
Phill Ivey abre de MP e é pago
pelo Amador no Big Blind. Phil tem 67 de ouros e o amador tem KTo. O Flop traz
KQJ. Phil decide apostar no Flop e o amador apenas dá check-call. O turn é
irrelevante, traz um 2 (não acertando o Flush), novamente a mesma aposta e
check-call do Vilão. No river bate outro 2 (não acertando o Flush) e o vilão dá
check e Phill Ivey decide fazer uma terceira aposta forte.
Para muitas pessoas, essa mão
parece normal, porém o que não está impressa nela é a analise. O amador se
encontra em um nível 1 ou 2, quando aplicam check-call duas vezes significa que
possuem um Par como top pair , já que a sequência teria dado raise no flop ou
turn, assim como trincas e 2 pares. Phil Ivey sabe disso e se colocou pela perspectiva
de seu oponente. Sabendo do que seu adversário é capaz de fazer e o que ele tem
em mãos, a jogada de Ivey se torna óbvia, uma terceira aposta se faz necessária
para vencer o pote.
Por exemplo, jogadores de nível 2
teriam parado de apostar no river, já que duas apostas pagas significa uma mão
forte. Jogadores de nível 3 iriam apostar pois sabem que não podem vencer no
Showdown, porém não colocam seu adversário em uma determinada mão. Somente no
nível 4 os jogadores colocam seus adversários em um range adequado e sabem que
baseado no range do vilão e também em quem é o vilão, devem apostar no river e
apostar forte.
Nesta analise compreendemos um
pouco sobre o que significa se colocar na perspectiva do vilão.
Como segundo exemplo, essa mão
aconteceu no BSOP e tirei ela da revista Flop, mas não me lembro quem era a
pessoa, mas lembro de quem fez a analise que foi o Mojave. Os jogadores estavam
em uma situação de bolha e ambos tinham cerca de 30 Big Blinds. O jogador de
Smal Blind abre uma aposta padrão e é pago pelo Big. O Flop traz Kxx com duas
cartas para o Flush Draw, e o Big tem o Flosh Draw sem o A.
O Small faz uma Cbet padrão, porém
o jogador no Big começa a pensar. Ele coloca seu adversário fazendo uma Cbet
com todo seu range neste tipo de flop, então ele sabe que mesmo que seu
adversário tenha um K, ele ainda terá chances de acertar seu Flush e também
poderá fazer seu adversário largar a mão. Então baseado nessas informações, ele
então aposta allin e é pago pelo K.
Mojave analisa a mão de forma
importante e diz que, na Bolha os jogadores tendem a ficar mais seguros, se o
vilão está apostando neste momento tão importante, é porque em boa partes das
vezes ele terá o K e não porque tem outras mãos como AQ ou um blefe. Sabemos
que o vilão não irá largar o K agora. Ele diz para nos colocar na posição do
Vilão com o K em mãos em um flop que se conecta pouco com o range de mãos do
Big Blind, é claro que ele irá pensar que baseado no range do Big para CAll, um
raise neste momento irá significar uma maior quantidade de Blefes do que
mãos de valor e o call se torna
basicamente obrigatório.
O interessante desta mão é que se
soubermos o nível deste jogador poderemos tomar uma decisão ainda melhor. Se
estivermos jogando contra um jogador de nível 1, é óbvio que ele terá o K.
Contra jogadores de nível 2, neste momento de bolha, eles não vão ficar fazendo
gracinha, então existe uma maior chance deles terem um K em mãos do que outras
cartas. Jogadores de Nível 3 sabem que neste momento alguns jogadores são capazes de colocar pressão para conquistar
algumas fichas extras, sabendo disso é muito improvável que ele largue o K.
Jogadores de nível 4 nem se fala, com um K ali é call. Acredito que nesta
situação o jogador não recebe um fold de boa parte do range que fez uma Cbet no
flop. E o fold pré-flop se faz necessário.
O erro foi não ter pensado pela
perspectiva do vilão e não ter avaliado melhor a situação.
Nos dois exemplos acima temos uma
boa ideia do que é pensar pela perspectiva do vilão baseando-se principalmente
nos níveis dos jogadores. Se colocar na perspectiva de seu adversário é
basicamente enxergar o que ele está enxergando baseando-se no range e na
situação ao qual se encontram:
Ø
Situação ao qual se encontram> Nível do
jogador. Em que momento do torneio e em que situações anteriores influenciam o
adversário a jogar assim. Imagem e Metagem.
Ø
Range do Vilão: dando um range para o vilão é
possível descobrir o que ele faria com a maioria de suas mãos e assim poderá
jogar de acordo com está informação.
Ø
Stack Size: Saber o que seu adversário é capaz
de fazer com a stack que ele possuí é muito importante, desta forma, juntando
todos os pedaços de informação terá uma ideia melhor do que fazer e como elaborar seu raise ou apostas ou
checks para que as coisas saiam como você quer.
Se colocando na perspectiva de seu
adversário é possível tomar melhores decisões e ter uma ideia melhor do que
deve ser feito. Façam um teste em casa. Peguem alguma Hand History e ao invés
de avaliarem seu jogo, avaliam como seus adversários jogaram e o mais
importante avalie o range que ele possa ter e como você teria jogado a mão se
fosse ele e o porque não jogaria.
Se você souber como seu adversário
pensa e age, perder será uma questão de sorte e más analises.
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