domingo, 15 de fevereiro de 2015

Poker pensando pela perspectiva de seu oponente


Algo que é muito comum no poker, principalmente quando estamos nos níveis 1 e 2 é a dificuldade em pensar no que nosso oponente está pensando. No nível 1 olhamos nossas cartas e jogamos através delas. No nível 2 analisamos um range óbvio de nosso adversário e jogamos em relação a isso, porém em nenhum desses níveis é pensando de forma adequada pela perspectiva de seu adversário.

Eis um exemplo, de uma mão que aconteceu no WSOP main event de 2014 entre Phill Ivey contra um amador.

Phill Ivey abre de MP e é pago pelo Amador no Big Blind. Phil tem 67 de ouros e o amador tem KTo. O Flop traz KQJ. Phil decide apostar no Flop e o amador apenas dá check-call. O turn é irrelevante, traz um 2 (não acertando o Flush), novamente a mesma aposta e check-call do Vilão. No river bate outro 2 (não acertando o Flush) e o vilão dá check e Phill Ivey decide fazer uma terceira aposta forte.

Para muitas pessoas, essa mão parece normal, porém o que não está impressa nela é a analise. O amador se encontra em um nível 1 ou 2, quando aplicam check-call duas vezes significa que possuem um Par como top pair , já que a sequência teria dado raise no flop ou turn, assim como trincas e 2 pares. Phil Ivey sabe disso e se colocou pela perspectiva de seu oponente. Sabendo do que seu adversário é capaz de fazer e o que ele tem em mãos, a jogada de Ivey se torna óbvia, uma terceira aposta se faz necessária para vencer o pote.

Por exemplo, jogadores de nível 2 teriam parado de apostar no river, já que duas apostas pagas significa uma mão forte. Jogadores de nível 3 iriam apostar pois sabem que não podem vencer no Showdown, porém não colocam seu adversário em uma determinada mão. Somente no nível 4 os jogadores colocam seus adversários em um range adequado e sabem que baseado no range do vilão e também em quem é o vilão, devem apostar no river e apostar forte.

Nesta analise compreendemos um pouco sobre o que significa se colocar na perspectiva do vilão.

Como segundo exemplo, essa mão aconteceu no BSOP e tirei ela da revista Flop, mas não me lembro quem era a pessoa, mas lembro de quem fez a analise que foi o Mojave. Os jogadores estavam em uma situação de bolha e ambos tinham cerca de 30 Big Blinds. O jogador de Smal Blind abre uma aposta padrão e é pago pelo Big. O Flop traz Kxx com duas cartas para o Flush Draw, e o Big tem o Flosh Draw sem o A.

O Small faz uma Cbet padrão, porém o jogador no Big começa a pensar. Ele coloca seu adversário fazendo uma Cbet com todo seu range neste tipo de flop, então ele sabe que mesmo que seu adversário tenha um K, ele ainda terá chances de acertar seu Flush e também poderá fazer seu adversário largar a mão. Então baseado nessas informações, ele então aposta allin e é pago pelo K.

Mojave analisa a mão de forma importante e diz que, na Bolha os jogadores tendem a ficar mais seguros, se o vilão está apostando neste momento tão importante, é porque em boa partes das vezes ele terá o K e não porque tem outras mãos como AQ ou um blefe. Sabemos que o vilão não irá largar o K agora. Ele diz para nos colocar na posição do Vilão com o K em mãos em um flop que se conecta pouco com o range de mãos do Big Blind, é claro que ele irá pensar que baseado no range do Big para CAll, um raise neste momento irá significar uma maior quantidade de Blefes do que mãos  de valor e o call se torna basicamente obrigatório.

O interessante desta mão é que se soubermos o nível deste jogador poderemos tomar uma decisão ainda melhor. Se estivermos jogando contra um jogador de nível 1, é óbvio que ele terá o K. Contra jogadores de nível 2, neste momento de bolha, eles não vão ficar fazendo gracinha, então existe uma maior chance deles terem um K em mãos do que outras cartas. Jogadores de Nível 3 sabem que neste momento alguns jogadores são  capazes de colocar pressão para conquistar algumas fichas extras, sabendo disso é muito improvável que ele largue o K. Jogadores de nível 4 nem se fala, com um K ali é call. Acredito que nesta situação o jogador não recebe um fold de boa parte do range que fez uma Cbet no flop. E o fold pré-flop se faz necessário.

O erro foi não ter pensado pela perspectiva do vilão e não ter avaliado melhor a situação.

Nos dois exemplos acima temos uma boa ideia do que é pensar pela perspectiva do vilão baseando-se principalmente nos níveis dos jogadores. Se colocar na perspectiva de seu adversário é basicamente enxergar o que ele está enxergando baseando-se no range e na situação ao qual se encontram:

Ø     Situação ao qual se encontram> Nível do jogador. Em que momento do torneio e em que situações anteriores influenciam o adversário a jogar assim. Imagem e Metagem.

Ø     Range do Vilão: dando um range para o vilão é possível descobrir o que ele faria com a maioria de suas mãos e assim poderá jogar de acordo com está informação.

Ø     Stack Size: Saber o que seu adversário é capaz de fazer com a stack que ele possuí é muito importante, desta forma, juntando todos os pedaços de informação terá uma ideia melhor do que fazer  e como elaborar seu raise ou apostas ou checks para que as coisas saiam como você quer.

Se colocando na perspectiva de seu adversário é possível tomar melhores decisões e ter uma ideia melhor do que deve ser feito. Façam um teste em casa. Peguem alguma Hand History e ao invés de avaliarem seu jogo, avaliam como seus adversários jogaram e o mais importante avalie o range que ele possa ter e como você teria jogado a mão se fosse ele e o porque não jogaria.

Se você souber como seu adversário pensa e age, perder será uma questão de sorte e más analises.


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